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Arquiteta e Urbanista afirma: “O Minhocão é uma aberração, um erro, que precisa ser solucionado pela sua supressão” - Movimento Desmonte do Minhocão - MDM

Arquiteta e Urbanista afirma: “O Minhocão é uma aberração, um erro, que precisa ser solucionado pela sua supressão”

Arquiteta e Urbanista afirma: “O Minhocão é uma aberração, um erro 

que precisa ser solucionado pela sua supressão”

Professora Dra. Vera Luz (*)

(*) Professora e Doutora Vera Santana Luz, Arquiteta e Urbanista,

Professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Integra o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.  

          “Eu sou Vera Santana Luz. Sou Arquiteta e Urbanista, com experiência de mais de 40 anos de profissão, que incluem diversas atividades acadêmicas, bem como projetos e escalas de projetos urbanos complexos.
          Entre esses, eu cito um projeto realizado em coautoria, que se denomina Ligação Leste-Oeste (arquitetos autores: Anne Marie Sumner, Flavio Marcondes, Hector Vigliecca, Tito Livio Frascino e Vera Santana Luz).
          Neste projeto nós pudemos investigar a hipótese de desmonte do Minhocão e associamos a uma escala maior que seria a requalificação do leito ferroviário, desde Bresser até a Lapa, podendo ser estendido, qualificando toda a paisagem em termos
ambientais.
          Para o Minhocão, eu defendo incontestavelmente, o Desmonte. E vou tentar explicar algumas das razões, mediante esses estudos e a reflexão teórica e prática a respeito.

 

           Do ponto de vista histórico, o Minhocão, no meu entender, é uma aberração e um erro histórico, que precisa ser solucionado pela sua supressão, simplesmente.

          Não me parece oportuna nenhuma outra investigação, do ponto de vista da sua permanência. Porque todas as hipóteses que me foram até hoje apresentadas, elas não se comparam à restauração do tecido urbano original.

          O casco histórico do centro de São Paulo (e essa região), ele é magnífico. Ele é constituído por boulevards, que podem ser restaurados com grande qualidade urbana e um conjunto de praças.

          A vida pública no chão da cidade é incomparável a qualquer outra oportunidade como, por exemplo, a hipótese de parque suspenso.

          Os parques suspensos que são cotejados como exemplaridade tem uma geografia urbana completamente diferente, com vistas largas e não tem essa característica de túnel, fechado, entre prédios, o que não constitui uma oportunidade importante.

          A continuidade do chão público, ela é muito mais interessante que uma eventual continuidade superior.

          Isso porque para os baixos do Minhocão, não há possibilidade de qualificar. Sempre ficará uma caixa de ressonância de ruídos. Sempre ficará uma caixa de poluição. Uma caixa de gases. E um espaço sombrio que não se coaduna com o tecido original.

          Porque as fachadas de todos os edifícios, elas são uma forma magnífica, uma forma constituída pelo tempo.

          Então, a questão, me parece, é de resgate histórico, como medida de futuro.

          É possível fazer um planejamento de desmonte, com baixíssimo custo; eventualmente lucro, se se aproveitarem os materiais e as estruturas do Minhocão.

          Em contrapartida, aproveitar este casco construído como suporte para eventual parque, precisaria de um custo exorbitante, haja visto a comparação com outras analogias e manutenção e restauração de uma estrutura que está obsoleta, em estado de obsolescência.

          O Desmonte consegue restaurar o território e consegue um certo reaproveitamento. O impacto desse desmonte, ele é completamente absorvível, bem como o custo.

TV Câmara SP: Dra Vera Luz em debate sobre o Minhocão         

          A gente tem a hipótese de tecnologia já testada, já discutida, já orçada, para que esse Desmonte possa se fazer sem uma violência para o dia-a-dia da cidade.

          Essa restauração poderia constituir térreos ativos, alargamentos de calçadas, uma arborização de porte alto, porque no chão e o transporte público organizado com novos meios de baixo impacto, de consumos energéticos passivos e gentis com a cidade.

          A vida pública poderá compreender, na restauração desse território – que tem uma estrutura já bastante conveniente para espaço público -, com maior inclusão para coletivos, para manifestações, para o dia-a-dia da cidade, para o cotidiano e isso pode, inclusive, potencializar morar no centro, dado que é um território bastante equipado, com infraestrutura de qualidade e que está prejudicado. Ou seja, ele está soterrado, submerso em relação a uma estrutura equivocada.

          Não creio que haja nenhum argumento, até onde eu possa alcançar, perante todos os debates que já foram realizados – que eu acompanho -, não vejo nenhum argumento que possa convencer perante a hipótese de Desmonte, como medida de futuro, ao mesmo tempo que tenha respeito ao passado e com as novas tecnologias urbanas que poderão ser realizadas.

          Há uma possibilidade de fazer uma requalificação de grande significado para a cidade.

          O que mais eu poderia dizer? Eu poderia dizer que essa minha posição vem desde 2006, quando desse projeto em coautoria; então, eu tive oportunidade de pensar, meditar e estudar esse tema, com bastante cuidado.

          Eu sou representante do Movimento Desmonte Minhocão, não no sentido de fazer parte, mas eu sou uma Consultora Técnica, sobre as questões urbanísticas.

          Com respeito à eventual gentrificação -que seria um problema -, toda área da cidade onde é promovida uma qualificação, ela pode tender a uma valorização do território de uma maneira abusiva.

          Isso é também absolutamente realizável mediante medidas institucionais, legais, de controle, como qualquer território da cidade. Ou seja, não adianta a gente ter um território obsoleto para dizer que ele tem que se manter, a obsolescência não é um valor, é um problema.

          Este é um dever cívico, e eu creio que esta outra hipótese que seria a restauração do tecido no chão, esta única, na minha opinião, tem a possibilidade de ser feita em uma ou duas gestões municipais.

          Eu creio que um dos impedimentos que tem acontecido é porque acontecem impulsos as vezes, de certas gestões, de querer começar e inaugurar uma medida urbanística, Isso não se deve fazer.

          Porque o problema não são os ciclos das gestões.

          O problema é a história da cidade.

          Então quem começar a realizar esse empreendimento, mesmo que não o inaugure, ele tem a marca de uma hipótese importante, necessária para a cidade”.

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