Minhocão: “É sofrível. É deprimente. É degradante, o que eles (os moradores) passam ali. O Desmonte se faz necessário”, afirma moradora.

São Paulo – Realizou-se recentemente na Câmara Municipal de São Paulo (*), a 15ª Audiência Pública da Comissão de Justiça e Legislação Participativa, de 2018.

Foi apresentado e debatido o Projeto de Lei 098/2018, do Vereador Caio Miranda, que autoriza o Prefeito a desmontar o Elevado João Goulart (Minhocão).

Viaduto com 2 kms e 800 metros, corta quatro bairros do centro, passando no meio de prédios residenciais.

O que fazer dessa estrutura obsoleta, decrépita, sem manutenção e que agride a saúde de milhares de moradores (altos índices das poluições atmosférica, sonora e visual), sem segurança, sem privacidade e incomodidade insuportável? “Parque” (com grave risco de ser extensão da cracolância e a que custo de adaptação e manutenção?) ou desmonte e se fazer belo, moderno e turístico Boulevard/parque no chão?

Moradores se posicionaram.

Sra. Tanila Savoy, moradora: Eu moro na região de Santa Cecília há anos. Trabalho na região. Meus filhos estudam próximo da região. Ou seja, eu vivo no bairro há anos.

E eu sofro também as consequências do Minhocão. Quando o Movimento do MDM , foi me apresentado , eu achei que fosse assim um alento, algo que viesse… um sopro para a gente que mora e vive ali.

O Projeto do Caio (PL 098/2018, que autoriza o Prefeito a desmontar o Minhocão) é fantástico”!

Tem que ir para frente.

Tem que ser aprovado.

Talvez, há cinquenta anos, quando o Minhocão, ele foi construído, talvez naquela época, ele se fizesse necessário. Hoje ele não se justifica mais.

A explicação da Yara foi fantástica! (Dra. Yara Goes, Presidente da Ação Local Amaral Gurgel e Diretora do MDM, fêz exposição sobre o Desmonte do Minhocão, desmistificando, esclarecendo e refutando fake News).

Eu já havia conversado com ela e com a equipe do MDM, antes.

E os argumentos deles são fortíssimos.

Viáveis.

E sérios.

Então, se a gente quer a revitalização dessa região, se a gente quer saúde para quem mora ali no entorno, um pouco de vida melhor, esse desmonte se faz necessário.

Não se justifica mais o Minhocão viário. Não se justifica. Já tem o Plano Diretor, como o Caio mencionou. Então, para carros ele não vai ser mais viável. Não vai.

Agora, parque? Parques a gente tem muitos. Eu tenho crianças. Eu levo meu filhos até o Ibirapuera.

Está longe? Está. Mas eu tenho o Parque da Água Branca. Eu tenho a Praça Buenos Aires. Eu tenho o Pacaembu. Eu vou correr no Pacaembu. Então há sim, há locais próprios , adequados, no chão, sem interferir na vida das pessoas que moram ali no entorno.

A gente tem que ter também um pouco de empatia para o próximo, pelo cidadão. Olhar um pouco além do que nos é reservado, além do que nos causa prazer. E olhar para eles.

Olhar para eles que vivem ali. E com as pessoas com quem eu conversei, porque antes de vir, eu conversei com muitas pessoas que moram ali. E é sofrível. É deprimente. É degradante, o que eles passam ali.

Então é esse o olhar que a gente tem que ter. De empatia ao próximo.

E que o Projeto do Caio vá para frente.

É um Projeto sério.

Competente.

E que vai dar um alento para todo mundo. É isso. (palmas)

Bruno Maia (morador): Eu sou morador do bairro há 35 anos.

Minha família já morava lá há muito mais tempo.

Eu morei há quase uns 20 anos na frente do Minhocão.

Minha avó morou no mesmo prédio ali na São João, mais de 30 anos, no 2º andar,na frente para o Minhocão.

Então, eu sei bem o que é estar por ali.

Primeiro eu gostaria de dizer que estou muito surpreso com algumas pessoas dizendo que não conseguem chegar a parques em São Paulo.

Ali da Santa Cecília eu consigo ir para o Ibirapuera, para o Villa Lobos, com metrô, trem, ônibus.

Sugiro que as pessoas que não consigam saiam um pouco de casa, usem o transporte público e não só o carro. Inclusive o Parque da Água Branca dá para ir a pé, ali do fim do Minhocão.

No princípio eu era contrário ao desmonte, porque meu medo era em relação ao trânsito. Vi o Projeto. A CET, parece que participa do projeto. Fêz um estudo. E se a gente analisar bem, o Professor (Valter Caldana, da Universidade Mackenzie, que igualmente se posiciona a favor do desmonte do Minhocão), me corrija. Mas as pontas do Minhocão, tanto em Perdizes, tanto na ligação leste-oeste, elas não podem ser modificadas.

Então, o escoamento de trânsito não vai mudar. Não vai ficar pior. Não. O escoamento vai ser praticamente o mesmo. Não tem como mexer.

Ao que me parece, me corrijam se estiver errado, esse é um Projeto (do “parque” Minhocão) é um Projeto de um vereador (Police Neto), que não mora no bairro.

Você (Vereador Caio Miranda) mora, como eu também moro.

Algumas pessoas que falaram pelo “parque”, não moram no bairro. Moram em bairro de alta classe.

Duvido que alguém passe ali pelo Minhocão, especialmente de noite.

Então, isso me chama bastante a atenção. O Vereador (Police Neto), pena que ele não está, mas achei que ele falou um monte de bobagens, com todo respeito.

Mas assim, falou em retroagir e que estamos contra a democracia. São 250 mil moradores, só no entorno e se você contar com as ruas em volta. Depois de 5 anos que isso está sendo debatido, tem treze mil , que passaram aqui, pessoas que assinaram o “parque”. 250 mil. Treze mil assinaram o “parque” . Que democracia é essa que não estou entendendo?

Visto que se você conversar nas ruas, fizer uma enquete nas redes sociais, nunca o “parque” ganha nada, numa votação.

Foi dito aqui que a preocupação que a poeira do desmonte levantaria. Me espanta que pessoas que se preocupam com isso, não se preocupa com 40 anos de poluição do Minhocão. Até agora não vi ninguém falar disso. E a poeira talvez de algumas semanas, possa ser tapada com uma tela, nos prédios como em qualquer obra. Isso resolve o problema. Acho que isso é muito mais fácil de resolver do que poluição de mais de 40 anos.

Preocupação com o custo do desmonte. A gente viu aqui pessoas falando do “parque”.

Qual o custo do “parque”? Ficou claro que os próprios organizadores do “parque” falaram que não há projeto. Não sabem o custo. Não há nada.

Quer dizer, há preocupação com o Projeto do desmonte mas por outro lado, não há o mínimo projeto (de “parque”).

Não há a mínima especificação.

Isso também me espantou.

O nós vemos aqui é um debate desse: dois tipos de projeto. Um projeto bem completo (do desmonte do Minhocão) e um outro (do “parque”) que a gente não viu nada até agora, a não ser gritaria.(palmas)

(*) 3/12/2018