Uma década decisiva para o futuro do Minhocão – Reportagem do jornal O São Paulo, Semanário da Arquidiocese

Uma década decisiva
para o futuro do Minhocão

26 de janeiro de 2022

Por Daniel Gomes
O São Paulo – Jornal da Arquidiocese de São Paulo

Plano diretor estratégico da cidade prevê que o elevado João Goulart

seja demolido ou transformado em parque

     De segunda a sexta-feira, ao longo de seus 2,8km de extensão – 3,4km se consideradas as vias de acesso –, trafegam pelo Minhocão cerca de 78 mil veículos, sendo quase 7,9 mil automóveis por hora nos horários de pico da manhã.

     Esse cenário, porém, pode mudar até o fim desta década, pois, conforme prevê o Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade de São Paulo, lei 16.050/14, em vigor até 2029, uma legislação específica deve ser elaborada a fim de definir prazos para a completa desativação do tráfego de veículos no Minhocão, bem como sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque. (…)

     Em 2018, o então prefeito João Doria sancionou a lei 16.833/18, que transformava o Minhocão em um parque. A medida foi questionada na Justiça, por ser implementada sem planejamento técnico e pela formulação da lei ter partido do Legislativo paulistano e não do Executivo.

     Em maio de 2021, a lei foi considerada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. (…)

COMO FICARIA O TRÂNSITO?

     Em janeiro de 2016, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) publicou o “Relatório Sintético dos Estudos para Restringir o Tráfego de Veículos Automotores no Minhocão”.

     Por meio de simulações feitas em softwares, tanto a demolição dessa via quanto sua desativação em dias úteis foram consideradas como “intervenções viáveis, desde que sejam executadas as obras e medidas de engenharia de tráfego necessárias à acomodação do tráfego nas vias de seu entorno”, conforme consta no documento.

     Se houver a demolição, o relatório aponta que seria necessário o prolongamento da atual Avenida Mário de Andrade (antiga Avenida Auro Soares de Moura Andrade), localizada ao longo dos trilhos por onde passam as linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), bem como a readequação da Avenida General Olímpio da Silveira, “com remoção dos pilares [que hoje sustentam o Elevado], alargamento da via e consequente ganho de capacidade para a fluidez do tráfego”.

     Se a decisão for pela desativação, mas sem a demolição, “estima-se que não haverá impactos significativos no sistema viário do entorno, e que eles serão absorvidos ao longo do tempo, com o redirecionamento das viagens na região”, conforme consta no relatório. (…)

FAVORÁVEIS AO DESMONTE

     Criado em agosto de 2015, o Movimento Desmonte Minhocão (MDM) defende o completo desmonte da via.

     “‘Parque’ sobre viaduto construído para uso viário, no século passado, sem manutenção, a 8 metros de altura, sem condições de segurança para pedestres, não resolve os transtornos já existentes de saúde e segurança dos milhares de moradores. Criaria outros sérios problemas para eles”, posicionasse o MDM, por meio de seu diretor de imprensa, Francisco Gomes Machado.

     O Movimento lista ainda outros problemas como a sensação de insegurança dos que vivem próximos ao Minhocão, a precariedade das estruturas do Elevado “sem manutenção há anos, as colunas de sustentação estão deterioradas.

     Embaixo do Minhocão, local altamente poluído, aglomeram-se centenas de moradores em situação de rua”, além dos gastos que a Prefeitura teria para manter o parque e o “fracasso dos Jardins Verticais, instalados nos prédios ao longo do Minhocão, que secaram por falta de manutenção”.

     Por essas razões, o MDM entende que o desmonte é a “melhor e mais econômica opção” e que “possibilitará a reurbanização/requalificação de importante área central. Revitalizará o comércio. Promoverá turismo com retrofit dos históricos prédios. Além de ser obra que se autofinancia, com o reaproveitamento de suas 900 vigas”. (…)

      Professora na FAU-USP e uma das coordenadoras do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade), a arquiteta e urbanista Paula Freire Santoro afirma que a atual estrutura do Minhocão, embora desqualifique o espaço urbano e cause diferentes incômodos aos moradores locais (…)

     Na avaliação do arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP) (…) considera que antes de uma decisão final sobre o Minhocão é preciso que se faça um projeto que apresente os efetivos custos de uma demolição ou transformação em parque, bem como se detalhem as alternativas para o trânsito.

O QUE DIZ A PREFEITURA SOBRE A DESATIVAÇÃO?

     Em nota à reportagem, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) informou que “a desativação do Elevado para o tráfego de veículos, prevista no Plano Diretor Estratégico (PDE), está sendo discutida por meio do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Minhocão. O projeto está em desenvolvimento”.

     Na página Gestão Urbana no site da Prefeitura, há um ambiente com informações sobre o PIU Minhocão, nas quais se afirma que o projeto foi iniciado a partir da entrada em vigor da lei 16.833/2018, considerando inicialmente apenas a implantação do Parque Minhocão.

     Entretanto, em 2019, foi realizada uma consulta pública on-line na qual 47% dos munícipes se posicionaram a favor do desmonte da estrutura, 39% pela manutenção de sua função original de via de tráfego e 14% foram favoráveis à implantação do parque.

     Diante disso, se deu continuidade ao projeto “determinando que sejam estudadas durante seu desenvolvimento, com auxílio da população, todas as hipóteses apontadas pelo Plano Diretor, ou seja, desde o desmonte até a implantação total ou parcial de um parque na estrutura do Elevado” e que as propostas sejam “debatidas por meio de consultas e audiências públicas on-line e, quando possível, em encontros presenciais – audiências públicas e reuniões temáticas com a população”. (…)

COMENTÁRIOS

Maurice Fischer
     A reportagem só entrevista favoráveis à ideia absurda de parque elevado.

     Porquê não entrevistou moradores do entorno, mais pessoas com conhecimento dos problemas?

     Parque sobre asfalto, sobre um viaduto?

     Sem árvores?

     Com condomínio de moradores de rua embaixo, favorecendo todo tipo de degradação, depredação.

     O que querem estes estúpidos de parque?

     Respeitem o povo.

EDNEY FERREIRA LIMA
     O correto e democrático é perguntar para os moradores e empresários da região, que sofre com essa obra desqualificada.

     Quebrou muitos empresários e desvalorizou os imóveis e afetando a saúde dos moradores com a poluição do Co2 e ruído.

     Retorno a duguinidadade dos moradores da região e seu entorno.

    Devolver aos moradores uma região limpa e segura.

    A decisão mais inteligente é desmontar o Minhocão.

EDNEY FERREIRA LIMA
     Reportagem tendenciosa e não democrática.

     Entrevistados somente os favoráveis a construção de parque sem segurança, para gerar mais custos aos munícipes.

     E os entrevistados são moradores da região?

Jornal O SÃO PAULO
     No texto em questão, foram ouvidos representantes do Parque Minhocão, Movimento Desmonte Minhocão, urbanistas e citado o estudo técnico da CET indicando tanto a viabilidade do desmonte quanto da implantação do parque. No texto a seguir, que dá sequência à série, moradores foram entrevistados
https://osaopaulo.org.br/…/embaixo-do-elevado-a-luta…/

Saul Nahmias
     Matéria tendenciosa, que perde contato obviamente com a realidade que o Minhocão criou nessa região central da cidade, com degradação do ambiente e um verdadeiro horror urbanístico.

     Além do que a tal “simulação feita pela CET” sobre o impacto no trânsito é certamente bem duvidosa, uma vez que não há tantas opções viárias para escape do imenso fluxo viário.

    Se o Minhocão for derrubado, essa região terá a chance de ser revitalizada e receber a luz do sol ao invés das trevas que existem abaixo dessa gigantesca estrutura.

     Poderá ter mais vias de tráfego, e o impacto no trânsito não seria tão grande.

     Além do que um parque de concreto como esse vai só expandir a área de atuação do crime e criar incômodo aos moradores que moram nos edifícios do entorno, com os inúmeras eventos que seriam realizados ali.

Irene Machado
     Totalmente tendenciosa essa matéria paga, os que defendem a criação dessa aberração que chamam de parque, são somente os integrantes da “empresa parque minhocão”, sim aqueles que tem interesse em faturar com eventos, tanto que o presidente da tal Associação Pq Minhocão é empresário do ramo de eventos e mora muito bem em uma mansão nos jardins, e o que querem fazer em cima do viaduto podre e condenado, é virada cultural, carnaval, etc etc etc, dane-se quem mora no entorno o importante e o empresário encher os bolsos com dinheiro, vendendo o espaço público. #pelodesmontedominhocão

Irene Machado
     Para os que defendem o parque de mentirinha, fica a dica de como ocupar o espaço público com qualidade, lugares com árvores, grama, sombra, e não fritando no asfalto.
– Praça Princesa Isabel, Praça Marechal Deodoro, Largo Santa Cecília, Praça Olavo Bilac, Jardim da Luz, Parque da água branca, Praça Padre Péricles, Parque Buenos Aires, Praça da República, Largo do Arouche, Parque Benemérito José Brás, Parque Mário Covas, Parque Trianon, Largo do Paissandu, Vale do Anhangabaú, Praça Charles Miller, Praça Rotary, etc etc , infelizmente muitas estão tomadas por traficantes e usuários.

    Será mesmo que falta espaço público para o lazer ?

     Ou o que está prevalecendo é o acordo feito com as empreiteiras, que fizeram inúmeros empreendimentos com o apelo “NOVA HIGIENÓPOLIS AO LADO DO PQ MINHOCÃO”.

Francisco Gomes Machado
     Apenas uma retificação: o Minhocão não pode ser demolido (explosão), devido a proximidade com as dezenas de prédios ao longo de seus 2 kms e 800 metros.

     Ele terá de ser DESMONTADO. O Minhocão foi montado como um Lego. Sobre as colunas, 900 vigas pré-moldadas, por cima das quais se passou camada de asfalto.

     Para ser desmontado, o processo é inverso: retirada das vigas e colunas. Todo material é reaproveitado em pontilhões etc.

     Obra limpa, sustentável, moderna e que se auto financia com a venda do material retirado.

     Reurbanização e requalificação dessa importante parte da área central da capital.

     Fim dos problemas de saúde, poluição atmosférica, sonora, visual, invasão de privacidade e “incomodidade insuportável” para os milhares de moradores, como afirmou Dr. César Martins, Promotor de Justiça Urbanismo e Habitação do Ministério Público.

     Por sua vez, Dr Marcos Lúcio Barreto, Promotor de Justiça do Verde e Meio-Ambiente do Ministério Público, em sessão na Câmara Municipal, após discorrer sobre os problemas que causa o Minhocão, afirmou: “É preciso acabar com o martírio em que vivem essas pessoas!”

     O Sr Prefeito não tem compaixão desses milhares de moradores? A saúde não é anterior a diversão?

Candido Prunes
     Essa matéria tendenciosa deixa de lado questões fundamentais, dentre elas:

     1) se o Minhocão fosse construído hoje, os órgãos responsáveis pelo meio ambiente e patrimônio histórico o aprovariam?

     O destino do Minhocão passa pela resposta a esta pergunta;

     2) na eventual transformação do Minhocão em parque, o poder público continuaria se omitindo sobre a degradação causada pelo uso indevido, quando não criminoso, na sua parte inferior? ;

     3) os moradores do entorno que pagam IPTU serão consultados sobre se aceitam ou não o impacto de um parque sob suas janelas? Ou terão que engolir mais uma decisão ?;

     4) numa eventual consulta geral aos munícipes, quem teria direito de votar? O eleitor que mora a 60 km do Minhocão, e jamais passa pela região, teria o mesmo direito de votar do que o cidadão que aguenta as consequências do Minhocão há 50 anos?;

     5) numa eventual consulta, os criminosos que circulam pela área também terão voz igual a dos cidadãos cumpridores das leis e pagadores dos imposto?

Elias Eloy
     “”COM OU SEM CARROS, O MINHOCÃO É 79% MAIS POLUÍDO QUE O RESTO DA CIDADE DE SÃO PAULO””.

Julio Lamas
     Enquanto se discute na Câmara Municipal se os ônibus devem ganhar mais 15 anos de prazo para abandonar o diesel, os moradores de São Paulo com vista para o Elevado João Goulart – o polêmico Minhocão -, respiram 79% de poluição a mais que a média da cidade.

     Os maiores culpados não são os carros e, sim, o agitado corredor de ônibus abaixo da estrutura que conecta leste e oeste do município.

     É o que mostram dados do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP.

https://osaopaulo.org.br/…/uma-decada-decisiva-para-o…/

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